Uma nova era para as mulheres na Igreja? Nomeação de Irmã Raffaella Petrini marca avanço histórico

Uma nova era para as mulheres na Igreja? Nomeação de Irmã Raffaella Petrini marca avanço histórico
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A nomeação da Irmã Raffaella Petrini como presidente da Pontifícia Comissão para o Estado da Cidade do Vaticano e do Governatorato, a partir de 1º de março, representa um marco histórico dentro da Igreja Católica. Pela primeira vez, uma mulher assume a liderança administrativa da Cidade do Vaticano, um cargo até então exclusivamente ocupado por cardeais. A decisão do Papa Francisco, que já havia sinalizado essa escolha em entrevista ao programa televisivo italiano “Che tempo che fa“, no dia 19 de janeiro, reflete uma crescente abertura da Igreja para o protagonismo feminino em funções de alto escalão.

A Irmã Raffaella Petrini, membro da Congregação das Irmãs Franciscanas da Eucaristia, tem uma sólida formação acadêmica e uma longa trajetória de serviço na Cúria Romana. Nascida em Roma, em 1969, é doutora em Ciências Sociais pela Pontifícia Universidade Santo Tomás de Aquino e funcionária da Congregação para a Evangelização dos Povos desde 2005. Sua experiência e dedicação renderam-lhe a nomeação como secretária geral do Governatorato em 2022, sendo agora elevada ao cargo máximo dessa instituição administrativa.

Ao assumir o cargo, Petrini terá “o poder de dispor e conferir (…) competências específicas ou tarefas particulares” aos trabalhadores da Cidade do Vaticano, conforme definiu o Papa Francisco. Além disso, é possível que ela passe a integrar o seleto Conselho de Cardeais, conhecido como C9, que assessora o Pontífice em questões de governança e reforma da Igreja.

A nomeação de uma mulher para um dos cargos mais influentes da Igreja representa um avanço significativo na luta por maior inclusão feminina dentro das estruturas eclesiásticas. Para as alunas do Instituto São Paulo de Estudos Superiores (ITESP) e para outras instituições de ensino teológico, essa decisão é um sinal de que as mulheres podem e devem ocupar espaços de liderança também dentro da Igreja.

Atualmente, o ITESP conta com um número significativo de mulheres em seu quadro docente e discente, refletindo um movimento crescente de maior participação feminina na teologia e na pastoral. A nomeação da Irmã Raffaella Petrini pode servir de inspiração para que mais mulheres busquem especialização acadêmica e se tornem protagonistas em suas respectivas dioceses, congregações e instituições de ensino católicas.

A presença de uma mulher em um cargo de grande responsabilidade na Cidade do Vaticano traz uma nova perspectiva para a gestão da Igreja. A história mostra que a participação feminina em ambientes de liderança contribui para uma abordagem mais inclusiva e equilibrada na tomada de decisões. Segundo dados da Organização Internacional do Trabalho (OIT), empresas e instituições que possuem mulheres em cargos de liderança tendem a apresentar melhor desempenho organizacional, maior engajamento dos colaboradores e políticas mais eficazes de inclusão.

No contexto eclesial, a presença de mulheres em cargos de liderança pode favorecer uma maior atenção às questões sociais e pastorais, promovendo um olhar mais sensível às necessidades das comunidades. Isso também pode encorajar um diálogo mais amplo sobre o papel das mulheres na Igreja, abrindo espaço para que elas contribuam ainda mais ativamente nas decisões institucionais.

A nomeação da Irmã Raffaella Petrini é um passo importante rumo a uma Igreja mais representativa e plural. Embora ainda não esteja claro se essa decisão abrirá caminho para novas mudanças estruturais, ela demonstra o compromisso do Papa Francisco com uma Igreja mais inclusiva e sensível às transformações sociais.

Para as estudantes do ITESP e para todas as mulheres que se dedicam à teologia e à evangelização, a nomeação de Petrini é um sinal encorajador de que sua presença é essencial para o futuro da Igreja. Resta agora acompanhar os desdobramentos dessa decisão histórica e continuar promovendo uma formação que valorize cada vez mais a presença feminina nos mais diversos espaços da vida eclesial.

Por: Arison Lopes, Comunicação ITESP.

Imagem: Reprodução Internet