A importância do Mês da Bíblia: Reflexão com a Prof.a Dr.a Maria Antonia Marques sobre o Profeta Ezequiel e a Formação Teológica

Imagem: Arquivo Comunicação ITESP

São Paulo – Todos os anos, em setembro, a Igreja Católica celebra o Mês da Bíblia, um período dedicado à meditação e ao estudo das Escrituras. Essa iniciativa, criada pela Arquidiocese de Belo Horizonte em comunhão com as irmãs paulinas para comemorar os 50 anos da arquidiocese, foi pouco a pouco adotada pela Igreja e, posteriormente, pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Seu objetivo é incentivar os fiéis a se aprofundarem na Palavra de Deus. A escolha de setembro remete à memória de São Jerônimo, celebrado no dia 30, um dos grandes tradutores e comentaristas da Bíblia. A proposta tem ganhado relevância não apenas na vida litúrgica e comunitária das paróquias, mas também nas academias teológicas, como o Instituto São Paulo de Estudos Superiores (ITESP).

Neste ano de 2024, o tema escolhido é o Livro do Profeta Ezequiel, e o lema “Porei em vós meu espírito e vivereis” (Ez 37,14) propõe uma reflexão profunda sobre a renovação espiritual. Para a Prof.a Dr.a Maria Antonia Marques o Mês da Bíblia é uma oportunidade crucial para que as comunidades e estudantes se voltem para as Escrituras em busca de orientação em tempos de incertezas espirituais e sociais.

Em entrevista, a professora destacou a importância do Mês da Bíblia para a formação teológica e espiritual dos estudantes do ITESP, muitos dos quais estão envolvidos em pastorais e auxiliam no processo de formação das comunidades. “Neste ano, o livro proposto pela CNBB é o de Ezequiel. Com esse profeta, pisamos no chão da vida do povo no exílio da Babilônia, com suas frustrações e sofrimentos. Alguns oráculos trazem um forte apelo à esperança e ao resgate da dignidade humana”, comentou.

A professora ressaltou que o mês dedicado à Palavra de Deus não se restringe apenas ao estudo acadêmico, mas também toca a vida pastoral dos futuros teólogos. “A maioria dos estudantes do ITESP está de alguma forma engajada nas pastorais, e esse engajamento exige conhecimento e aprofundamento. O Mês da Bíblia, portanto, amplia o horizonte teológico e pastoral de cada um, oferecendo ferramentas para enfrentar os desafios do nosso tempo”, explicou.

Acompanhe a entrevista na íntegra:

ITESP: Prof.a Maria Antonia, o mês da Bíblia é um momento importante para a Igreja, pois incentiva os fiéis a se aprofundarem na Palavra de Deus. Como você enxerga a relevância desse mês específico para a formação teológica e espiritual dos estudantes do ITESP, especialmente em tempos de desafios espirituais e sociais?

Maria Antonia: A maioria dos estudantes do ITESP está, de alguma forma, engajado na pastoral. Muitos são solicitados para ajudar nos processos de formação das comunidades em vista do mês da Bíblia, o que exige conhecimento, estudo e aprofundamento do tema. Neste ano, o livro proposto pela CNBB e as instituições bíblicas é o de Ezequiel. Com esse profeta, pisamos no chão da vida do povo no exílio da Babilônia, com suas frustrações, sofrimentos e realidades de falta de esperança. Alguns oráculos desse livro trazem forte apelo à esperança, ao resgate da dignidade humana (cf, Ez 37,1-14).

ITESP: O tema proposto para 2024, “Porei em vós meu espírito e vivereis” (Ez 37,14), ressoa profundamente com a necessidade de renovação espiritual. Como a escolha do Livro do Profeta Ezequiel contribui para a reflexão teológica no contexto acadêmico e pastoral?

Maria Antonia: Com a profecia de Ezequiel podemos nos espelhar em sua coragem de criticar e denunciar as autoridades políticas de sua época que, em suas alianças com as nações estrangeiras, estão provocando sofrimento, exílio e morte de muitas pessoas. Ele denunciou a política das elites governantes e não foi ouvido. Quando Jerusalém foi invadida, o templo devastado e algumas cidades destruídas, Ezequiel mudou o tom de sua profecia, procurando reanimar a esperança do povo, que é convidado a reviver e a ficar de pé. Desenvolver uma reflexão que mantenha vivo Espírito de Deus em nós e nas pessoas com as quais atuamos em nossas pastorais é fundamental, especialmente nos tempos atuais.

ITESP: Sabemos que a Palavra de Deus deve ser o alimento diário para os cristãos. De que maneira o ITESP tem promovido iniciativas para integrar a meditação e o estudo da Bíblia na vida cotidiana dos seus alunos e da comunidade acadêmica durante o mês de setembro?

Maria Antonia: Como egressa do ITESP, posso dizer que aprendi a fazer leitura da Bíblia sempre procurando misturar com a nossa vida. Uma das preocupações prioritárias da formação bíblica é ver qual a incidência em nossa vida e na pastoral. Nos dias 26 a 30 de agosto, o ITESP promoveu uma semana de estudos de Ezequiel em preparação ao mês da Bíblia. Esta pergunta me faz pensar que podemos ampliar nossas iniciativas, envolvendo docentes e discentes, tornando setembro um mês da primavera bíblica.

ITESP: Considerando que a Igreja utiliza meses temáticos para animar a fé dos fiéis, como o mês da Bíblia pode influenciar a vida paroquial e comunitária, especialmente no fortalecimento dos círculos bíblicos e na promoção de um diálogo mais profundo sobre as Escrituras?

Maria Antonia: O Mês da Bíblia já existe a mais de cinquenta anos. É um tempo forte de estudo, reflexão e oração. Há muitas iniciativas nas Dioceses e Paróquias por esse Brasil afora. Em geral, é um reforço para os grupos de reflexão bíblica já existentes e a formação de novos grupos. Participando da Pastoral Bíblica desde a década de oitenta, posso dizer que esse envolvimento com a Palavra de Deus impulsiona a nossa vida pessoal e comunitária. É o caminho da Palavra movido pelo Espírito de Deus, provocando vida nova!

No âmbito acadêmico, o ITESP tem promovido iniciativas que integram a meditação e o estudo bíblico na vida cotidiana dos alunos, como a Semana de Estudos sobre Ezequiel, realizada de 26 a 30 de agosto. O Mês da Bíblia, assim, não apenas reforça a fé dos fiéis, mas também molda futuros teólogos e líderes pastorais, como os alunos do ITESP, que levam para suas comunidades o conhecimento profundo e renovador das Escrituras.

Por: Arison Lopes, Comunicação ITESP.

Imagem: Arquivo Comunicação ITESP.

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