“Conclave”: suspense e polêmica em torno da eleição papal

O filme “Conclave”, dirigido por Edward Berger e baseado no romance do britânico Robert Harris, tem gerado debates intensos dentro e fora da Igreja. Com uma trama envolvente que se desenrola nos corredores do Vaticano, o longa retrata a complexa eleição de um novo Papa após a morte do pontífice. Entre conspirações e reviravoltas, o cardeal Lawrence, vivido por Ralph Fiennes, investiga os segredos de seus colegas, revelando fraquezas que podem mudar os rumos da Igreja.
A produção, que concorre ao Oscar de Melhor Filme em Língua Inglesa, divide opiniões, especialmente entre os católicos. O Prof. Dr. Paulo Carrara, teólogo, analisou o filme e destacou tanto seus méritos quanto seus equívocos:
“O filme ‘Conclave’ tem causado controvérsia ao tratar de um tema caro à Igreja: a eleição de um novo Papa. Vai angariando críticas, mormente dos católicos mais conservadores. O filme narra a realização de um conclave em que tendências teológicas e ideológicas entram em conflito, a partir do lugar comum conservadores-libertadores. Sabemos que um conclave sempre confronta visões diferentes da Igreja e sua missão evangelizadora. Fragilidades dos candidatos mais fortes vão sendo investigadas pelo cardeal decano e suas candidaturas vão perdendo fôlego. Quem conhece um pouco da história dos conclaves, não se escandaliza com as fragilidades dos candidatos, afinal, os cardeais, de ontem e de hoje, são passíveis de erros e pecados. Evidentemente o filme não reproduz o que de fato é um conclave, protegido pelo segredo. Traz, inclusive, alguns equívocos, como o do cardeal in pectore, mas prende a atenção pelo clima de suspense que cria e pela interpretação impecável do cardeal decano, Ralph Fiennes, candidato ao Oscar de melhor ator. Não me parece um filme para levar o Oscar, nosso candidato brasileiro – ‘Ainda Estou Aqui’ – é bem melhor, mas quem paga para ver não se arrepende. O final é surpreendente, para alguns decepcionante por idear uma situação um tanto inverossímil.“
A crítica do professor ressalta que, apesar de o filme não ser uma representação fiel do processo sigiloso do conclave, ele consegue prender a atenção do espectador com seu suspense bem construído. No entanto, equívocos conceituais e um desfecho pouco plausível podem frustrar aqueles que esperam um retrato mais próximo da realidade.
Independentemente das controvérsias, “Conclave” desperta reflexões sobre a dinâmica da Igreja e as tensões internas que marcam a escolha do sucessor de Pedro. O filme já está em cartaz no Brasil desde 23 de janeiro de 2025 e segue como um dos títulos mais comentados desta temporada de premiações.
Texto: Arison Lopes, Comunicação ITESP.
Análise: Prof. Dr. Pe. Paulo Carrara.
Imagem: Reprodução/Divulgação