Educação à distância em cursos de Filosofia e Teologia: Reflexões com Dom Ângelo Ademir Mezzari (CNBB)

Educação à distância em cursos de Filosofia e Teologia: Reflexões com Dom Ângelo Ademir Mezzari (CNBB)
Imagem: Reprodução CNBB

São Paulo – A educação à distância (EAD) em cursos de filosofia e teologia tem sido tema de debate dentro da Igreja Católica, especialmente no Brasil, onde a formação dos futuros sacerdotes é uma prioridade para a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Diante desse cenário, Dom Ângelo Ademir Mezzari, bispo auxiliar de São Paulo e presidente da Comissão Episcopal para os Ministérios Ordenados e a Vida Consagrada (CMOVIC), compartilhou suas reflexões em uma entrevista realizada pelo Instituto São Paulo de Estudos Superiores (ITESP), a pedido da Comissão Episcopal para a Cultura e Educação. Nesta entrevista, Dom Ângelo discute a posição da CNBB e as diretrizes eclesiásticas sobre o ensino à distância, a importância da formação presencial, e as orientações para as instituições de ensino superior eclesiástico no Brasil.

ITESP: Considerando a posição da CNBB e das diretrizes eclesiásticas sobre o ensino à distância em cursos de filosofia e teologia, como as instituições de ensino superior que oferecem esses cursos devem se preocupar em garantir uma formação sólida e adequada para os futuros sacerdotes? Como as instituições de ensino presencial devem encarar essa medida?

CNBB: A Ratio Fundamentalis Institutionis Sacerdotalis e as Diretrizes para a Formação dos Presbíteros da Igreja no Brasil (Documento da CNBB 110) apontam que o ensino na etapa inicial de formação para o sacerdócio deve prever uma formação integral, ou seja, oferecer àqueles que se preparam para o sacerdócio uma formação que compreenda o ser humano em todas as suas dimensões. O ensino acadêmico (filosofia e teologia), apesar de estar estruturalmente ligado à dimensão intelectual, deve ter essa solidez de perpassar todas as outras dimensões, porque todas elas estão interligadas. A solidez se dá quando a dimensão intelectual (acadêmica) da formação consegue sistematizar no seu percurso todas as outras.

ITESP: Qual é a importância da formação presencial na academia para os seminaristas, especialmente durante o primeiro ciclo de estudos em filosofia e teologia, conforme destacado pelas diretrizes da CNBB?

CNBB: No Documento da CNBB 110 encontramos o fundamento da necessidade do ensino presencial durante a formação inicial dos futuros presbíteros: “o testemunho de vida dos professores e da comunidade acadêmico-eclesial, tanto do bom conteúdo escolástico para poder aprender a sagrada teologia, faz-se necessário aos jovens seminaristas nos primeiros anos de estudo das ciências sagradas” (Doc. 110 da CNBB, n. 351 d). Portanto, o ensino presencial, como bem assinala o documento, possibilita aos estudantes e a toda a comunidade acadêmica uma partilha de vida e de dons, o crescimento das sensibilidades e dos afetos, a possibilidade de ajudar e ser ajudado, o compartilhar de si e o receber do outro. Tudo isso contribui para um desenvolvimento integral daqueles que se preparam para o sacerdócio.

ITESP: Como a adoção do ensino à distância nessas áreas impacta diretamente na formação dos alunos e, consequentemente, na qualidade do clero formado no Brasil?

CNBB: As normas da Igreja, trazidas pela Ratio Fundamentalis e pela Constituição Apostólica Veritatis Gaudium, insistem na prevalência do ensino presencial, por entender que este ambiente possibilita uma melhor interação entre os agentes e interlocutores do processo educacional. Com o ensino a distância, corre-se o risco de se perder aquela dinâmica e características que falamos anteriormente, porém, segundo as orientações da Igreja, ele não é descartado, mas tem o seu lugar, seu modo, seu conteúdo e recorrência dentro do processo formativo.

ITESP: Diante das normativas recentes e da preocupação expressa pelo Dicastério para o Clero, quais são as orientações e perspectivas da CNBB para as instituições de ensino superior eclesiástico no Brasil em relação ao uso do ensino à distância em cursos de filosofia e teologia?

CNBB: É importante lembrar que as orientações não mudaram. Permanece em vigor aquilo que está expresso na Ratio Fundamentalis Institutionis Sacerdotalis (2017), na Constituição Apostólica Veritatis Gaudium (2018) e no Documento da CNBB 110 (2019). Todas as orientações emitidas pelo Dicastério para o Clero sobre esse assunto visam indicar ao episcopado brasileiro a necessidade de observar as normas contidas nesses documentos, propondo sempre um caminho para que se ofereça uma formação presbiteral de qualidade.

A entrevista com Dom Ângelo Ademir Mezzari reflete a seriedade e o compromisso da CNBB em assegurar uma formação sacerdotal que respeite a integralidade do ser humano e as tradições acadêmicas e eclesiásticas. As discussões em torno do ensino à distância, especialmente em áreas tão fundamentais como filosofia e teologia, são essenciais para manter a qualidade e a profundidade da formação oferecida aos futuros sacerdotes no Brasil.

Por: Arison Lopes, Comunicação Institucional ITESP.

Imagem: Reprodução CNBB

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