O desafio da inteligência artificial e a formação teológica: um olhar a partir do ITESP

A crescente presença da inteligência artificial (IA) nos diversos campos do conhecimento desafia não apenas a forma como nos relacionamos com a tecnologia, mas também como ela influencia a formação acadêmica, especialmente em instituições voltadas ao ensino teológico, como o Instituto São Paulo de Estudos Superiores (ITESP). A recente nota “Antiqua et Nova”, publicada pelo Vaticano, reflete sobre o impacto da IA na sociedade e levanta questionamentos fundamentais sobre sua influência na educação, na ética e na identidade humana.
A formação teológica no ITESP tem como missão a busca da verdade e o desenvolvimento integral do ser humano, indo além do simples acúmulo de conhecimento. A relação entre professores e alunos, o pensamento crítico e a vivência comunitária são elementos essenciais desse processo. No entanto, com o avanço da IA, surge a necessidade de discernir como essa tecnologia pode ser utilizada de forma ética, sem substituir aquilo que é próprio da experiência humana: a capacidade de reflexão, a liberdade de escolha e a busca por significado.
O Papa Francisco alerta para o risco de uma visão reducionista da inteligência, em que a IA passa a ser considerada equivalente ao pensamento humano. Ele enfatiza que a inteligência não se limita à capacidade de processar informações, mas envolve também a criatividade, a moralidade e a relação com o transcendente. Nesse sentido, a formação no ITESP precisa permanecer atenta ao uso da IA, garantindo que a tecnologia seja uma ferramenta de apoio ao ensino e não um substituto das interações humanas essenciais ao aprendizado teológico.
A relação entre alunos e professores também passa por desafios. Em um mundo em que respostas rápidas e conteúdos automatizados estão a um clique de distância, o papel do educador como mediador da sabedoria e do discernimento torna-se ainda mais relevante. O ensino superior deve resistir à tentação de reduzir a educação a um processo meramente informativo e reafirmar sua vocação de formar pessoas capazes de interpretar criticamente a realidade e agir com responsabilidade ética.
Para enfrentar esses desafios, o ITESP pode reforçar uma abordagem que valorize a pesquisa reflexiva, a interação entre alunos e mestres e o uso criterioso da tecnologia. A IA pode ser uma aliada na organização de conteúdos e no apoio à aprendizagem, mas nunca deve substituir a riqueza da experiência humana que se dá no diálogo, na partilha de ideias e no encontro com o outro.
O ensino teológico, ao formar futuros sacerdotes, religiosos(as) e leigos engajados, tem a missão de preparar seus estudantes não apenas para compreender a teologia em sua dimensão acadêmica, mas também para aplicar esse conhecimento na vida pastoral e social. A IA pode ser uma ferramenta útil nesse processo, mas é a sabedoria do coração – como lembra o Papa Francisco – que deve guiar a educação para que esta permaneça fiel à dignidade humana e ao bem comum.
Por: Arison Lopes, Comunicação ITESP.
Foto: Comunicação ITESP