O Instituto São Paulo de Estudos Superiores (ITESP) apresenta uma discussão instigante sobre a interseção entre a Teologia, a tecnologia e a ética. O Prof. Me. Mauro Vilela, docente da instituição, compartilha sua visão sobre o uso das tecnologias emergentes, com foco especial na Inteligência Artificial (IA), dentro da sala de aula e no contexto mais amplo da Teologia Moral. Com avanços tecnológicos que transformam a sociedade em ritmo acelerado, é vital entender as implicações morais dessas inovações, bem como seu papel nas práticas eclesiais e na formação de futuros teólogos. Nesta entrevista exclusiva à equipe de comunicação do ITESP, o Prof. Vilela explora os desafios e as oportunidades que a IA oferece, com ênfase na responsabilidade ética e na defesa da dignidade humana. Acompanhe essa discussão enriquecedora que explora os horizontes em constante evolução da teologia contemporânea.
ITESP: Como a Teologia Moral deve encarar os avanços tecnológicos que estão cada vez mais rápidos e atingem as pessoas das mais diversas formas?
Prof. Mauro Vilela: Os avanços tecnológicos que emergiram nos últimos tempos, de fato, apresentam possibilidades antes impensáveis. Essa evolução deve ser vista como uma oportunidade de facilitar a vida humana, oferecendo soluções mais eficientes que buscam aprimorar a qualidade de vida, incluindo a preocupação com o meio ambiente e a sustentabilidade. A Teologia Moral procura abordar de maneira ética o impacto dessas novas tecnologias na vida humana e no ambiente. O respeito à dignidade humana deve ser prioridade nesse contexto, considerando aspectos como os direitos individuais, o bem comum, a liberdade, a privacidade, a responsabilidade pelo outro e pelo meio ambiente, bem como as relações interpessoais e a justiça social. Diante do rápido avanço das tecnologias, é essencial manter um diálogo interdisciplinar e um debate ético que proteja a dignidade humana, visto que há indícios de ameaças a essa dignidade.
ITESP: Desde a pandemia, muitas igrejas têm se adaptado ao universo tecnológico, investindo em meios de comunicação e interação com os fiéis através da tecnologia. Existe algum problema moral no uso da Inteligência Artificial em ambientes eclesiais? Como preparar os alunos de teologia para esse novo desafio?
Prof. Mauro Vilela: As tecnologias como o ChatGPT, Midjourney, Tuna Voicemode e Perplexity, entre outras, estão disponíveis para serem utilizadas. O desafio reside em como usar essas ferramentas com responsabilidade. Elas podem ser benéficas ou prejudiciais, dependendo do uso que delas é feito. Podem facilitar nossos estudos e conhecimentos, aprimorar nosso trabalho, mas também nos privar da reflexão necessária para um funcionamento saudável da vida. Além disso, elas podem substituir profissionais, resultando em perda de empregos, aumento da desigualdade, dependência excessiva e criação de uma sociedade menos capaz e mais vulnerável. A alterofobia, o medo do outro, pode ser intensificada, prejudicando a dignidade e a reputação das pessoas. Para enfrentar esses novos desafios, os alunos de teologia e todos nós devemos ser preparados. Não se pode mais viver sem a inteligência artificial, assim como a internet. É necessário um diálogo ético e multidisciplinar para usar essas tecnologias de maneira responsável. A responsabilidade é a chave para lidar com esse novo mundo tecnológico e devemos ajudar a formar consciências para seu uso adequado.
ITESP: De forma geral, como a Teologia enxerga a Inteligência Artificial?
Prof. Mauro Vilela: A Teologia, ao abordar esse tema, deve adotar um discurso multidisciplinar, utilizando outras disciplinas para promover diálogo e compreensão. A inteligência artificial deve ser vista como uma criação que visa favorecer e desenvolver a vida humana, mas também como algo que requer preocupação. Seu desenvolvimento e aplicação devem estar alinhados com princípios éticos fundamentais para a pessoa humana. O discurso teológico destaca que a inteligência artificial nunca poderá substituir a pessoa humana. O termo “inteligência artificial” já indica que é uma criação artificial, sem consciência, emoções ou sentimentos. Apesar de sua capacidade de pensamento, é artificial e derivado de algoritmos e bancos de dados. É importante evitar a idolatria dessa tecnologia, que nunca poderá superar a humanidade, criada à imagem de Deus. A defesa da dignidade humana é fundamental.
ITESP: O ChatGPT e a IA podem ser ferramentas facilitadoras na metodologia de estudo em teologia? Se sim, como? Se não, por quê?
Prof. Mauro Vilela: Sim, essas novas tecnologias podem ser usadas para enriquecer nossas pesquisas, fornecendo informações e recursos que ampliam nossas opções. Elas facilitam a busca de materiais e fontes, expandindo nosso campo de estudo. Podem simular debates teológicos e ajudar no aprofundamento de questões, ampliando nossa
perspectiva. No entanto, é crucial ressaltar que essas ferramentas são apenas auxiliares de pesquisa. Elas não podem substituir o estudo tradicional da teologia, que envolve leitura pessoal e reflexão crítica. A responsabilidade de compreender e discernir as informações é sempre humana.
A reflexão do Prof. Mauro Vilela ressalta a importância da abordagem ética e responsável diante das tecnologias, especialmente a Inteligência Artificial, que desempenha um papel cada vez mais significativo em nossa sociedade. À medida que as igrejas se adaptam a essa nova era digital e os alunos de teologia se preparam para um futuro repleto de desafios tecnológicos, a mensagem do Prof. Vilela nos lembra da necessidade de manter um equilíbrio cuidadoso entre o avanço tecnológico e os valores humanos, morais e espirituais que fundamentam a Teologia. O ITESP, comprometido com a formação integral de seus alunos, continua a explorar essas complexas questões interdisciplinares, buscando orientar o desenvolvimento ético e responsável de suas habilidades tecnológicas. Com o guia do Prof. Vilela e outros educadores visionários, a instituição está preparando seus alunos para enfrentar com sabedoria os desafios de um mundo em constante transformação, mantendo sempre a dignidade humana como o norte orientador de suas ações.
Por: Arison Lopes, Comunicação Institucional ITESP
Imagem: Comunicação ITESP
Contato Prof. Mauro Vilela, cssr. (maurovilel@gmail.com)