Aluno do ITESP lança músicas no Spotify que unem arte, crítica social e fé

O aluno do 2º ano de Teologia do Instituto São Paulo de Estudos Superiores (ITESP), Ueslei Cruz, acaba de lançar duas músicas autorais no Spotify: “Abismo” e “Terra de Ninguém”. As faixas revelam um olhar profundo sobre as contradições sociais e o impacto da tecnologia na vida humana, apresentando uma teologia encarnada na realidade concreta das pessoas, especialmente as mais vulneráveis.

“Terra de Ninguém” é um rap consciente que critica o funcionamento dos algoritmos e o poder das grandes corporações digitais, que muitas vezes colocam o lucro acima da dignidade humana. “A ausência ou o descumprimento de leis por parte das Big Techs abre espaço para que tantas atrocidades aconteçam. Infelizmente, muitas vidas, sobretudo de jovens, têm sido ceifadas por essa lógica”, explica Ueslei.

Já “Abismo” nasce de uma experiência pessoal marcada pela desigualdade social. Ueslei conta que cresceu no povoado de Borda da Mata, em Campo Formoso (BA), em uma casa de taipa, sem energia elétrica até 2004. “Por isso, sei o que é ser pobre, embora também saiba que existem pessoas que vivem em condições ainda piores”, afirma. Ao chegar em São Paulo, ele passou a enxergar de forma mais nítida a distância entre os ricos e os pobres. “Foi nesse contraste que comecei a desenvolver uma consciência crítica a respeito da realidade social”, completa.

A arte, para o estudante, tornou-se também um caminho teológico: um modo de interpretar a vida à luz da fé e denunciar estruturas de injustiça. O contato com a filosofia, a sociologia e com o próprio estudo da teologia no ITESP tem ajudado Ueslei a transformar dor em reflexão e esperança em compromisso. “Entendi que o que é negado à grande parte da sociedade não é apenas dinheiro, mas a própria vida. Grande parte da população apenas sobrevive, enquanto poucos realmente vivem”, afirma o aluno.

Ao lançar suas músicas, Ueslei também oferece um convite à comunidade acadêmica: olhar para a arte como expressão teológica, que dá voz ao clamor dos pobres e abre caminhos de diálogo entre fé e cultura. Sua produção é um testemunho de como o estudo da Teologia pode se encarnar no cotidiano, revelando que o compromisso com o Evangelho também passa pela escuta das dores e esperanças do povo e pela arte como forma de profecia.

Por: Arison Lopes, Comunicação ITESP.

Foto: Comunicação ITESP.