Nota de homenagem do ITESP a Dom Angélico Sândalo Bernardino

Nota de homenagem do ITESP a Dom Angélico Sândalo Bernardino
Foto: Reprodução Internet

Um pastor com cheiro de povo, um bispo com alma de poeta, um homem de Deus marcado pelo amor.

O Instituto São Paulo de Estudos Superiores (ITESP) se une, com profundo pesar e gratidão, à Igreja no Brasil e à Diocese de Blumenau, pelo falecimento de Dom Angélico Sândalo Bernardino, ocorrido nesta terça-feira, 15 de abril de 2025.

Dom Angélico foi mais que um bispo para nossa história. Foi presença amiga, voz profética e coração aberto, tantas vezes entre nós, em nossas salas, encontros, missas e celebrações. Com seu sorriso sereno e firmeza amorosa, deixou rastros de fé, justiça e esperança, como quem caminha descalço sobre terra sagrada.

Nascido em 1933, na pequena Saltinho (SP), sua trajetória eclesial foi marcada pelo compromisso radical com o Evangelho. Ordenado presbítero em 1959 e bispo em 1975, pelas mãos de Dom Paulo Evaristo Arns, tornou-se referência nacional pela coragem com que abraçou os pobres, defendeu os perseguidos, animou os jovens e caminhou com os trabalhadores. Seu lema episcopal, “Deus é Amor”, era mais que um lema: era sua forma de viver.

Foi bispo auxiliar na Arquidiocese de São Paulo, onde marcou gerações ao lado de nomes como Dom Paulo, Dom Luciano e Dom Helder, sendo voz firme contra a ditadura e presença constante nas lutas sociais. Mais tarde, tornou-se o primeiro bispo da Diocese de Blumenau, em Santa Catarina, onde viveu com ternura o ministério pastoral até sua renúncia em 2009.

Dom Angélico foi também jornalista. Cursou jornalismo ainda jovem, dirigiu o jornal O São Paulo, enfrentou a censura e nunca recuou diante da verdade. Com palavras simples, mas carregadas de força, denunciava injustiças e anunciava o Reino. Sua voz era doce, mas sua mensagem era firme. Escreveu com o coração e viveu como um bem-aventurado dos nossos dias.

No ITESP, dom Angélico deixa saudade e memória viva. Inspirou nossos alunos, dialogou com nossos professores, celebrou com nossas comunidades e nos ensinou, com seu modo despojado de ser bispo, que a Teologia só faz sentido se tiver os pobres no centro, o Evangelho nos lábios e o amor como critério de discernimento. Com sua presença, fez nossa teologia mais encarnada, nossa espiritualidade mais comprometida, nossa academia mais humana.

Em sua longa vida, dom Angélico atravessou momentos históricos da Igreja na América Latina, participou de conferências episcopais e sínodos, e nunca perdeu o olhar atento às periferias e aos rostos esquecidos. Seu cajado era o ombro amigo. Sua mitra, a ternura. Seu anel, a aliança com os empobrecidos.

Despedimo-nos hoje de um homem que, como nos disse tantas vezes, falava com audácia carregada de amor. Que citava poetas e rezava com os operários. Que chorava com as mães de vítimas da violência e sorria com os jovens nos encontros de base. Que nos ensinou a amar Jesus, o Nazareno, nos rostos marcados pela dor, e a seguir acreditando, com esperança teimosa, num mundo mais justo, fraterno e solidário.

Que o Deus da vida, que dom Angélico tanto amou e anunciou, o receba no abraço eterno. Que sua memória siga viva em cada celebração, em cada gesto de solidariedade, em cada sala de aula em que se estuda a teologia como serviço ao povo de Deus.

Dom Angélico, presente! Obrigado por tudo.

Com carinho e gratidão,

Instituto São Paulo de Estudos Superiores – ITESP

Por: Arison Lopes, Comunicação ITESP.

Foto: Reprodução Internet